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CNG – o que é gás natural comprimido? A sua importância no transporte

25 Setembro '25

Tempo de leitura 10 minutos

Com a crescente importância da proteção climática e os requisitos cada vez mais rigorosos em relação às emissões do transporte, a indústria automóvel enfrenta hoje a necessidade de uma profunda transformação. A introdução de zonas de transporte limpo, o aumento dos preços dos combustíveis tradicionais e os requisitos regulamentares levam os transportadores a procurar soluções mais sustentáveis e rentáveis.

Um dos combustíveis que está a ganhar importância é o GNV, ou gás natural comprimido, que se está a tornar uma alternativa viável ao diesel, GPL ou veículos elétricos, especialmente no transporte urbano e regional.

Neste artigo, discutimos em detalhe o que é exatamente o gás CNG, quais são as suas propriedades, onde é utilizado e quando a sua escolha pode ser mais vantajosa – não só para o ambiente, mas também para a carteira.

O que é o gás CNG?

O CNG (Compressed Natural Gas), ou gás natural comprimido, é um combustível produzido pela compressão do gás natural que ocorre naturalmente – principalmente metano (CH₄) – a uma pressão de 200-250 bar. É importante referir que este gás não altera o seu estado de agregação. Ao contrário do GNL, permanece na forma gasosa, mas com uma densidade aumentada.

GNC - o que é o gás natural comprimido

O CNG é excelente como combustível para veículos: desde autocarros urbanos a carrinhas ligeiras. A sua utilização no transporte rodoviário insere-se nas estratégias globais de redução das emissões de gases com efeito de estufa e de apoio a fontes de energia alternativas.

Curiosamente, o GNC é o mesmo gás que é fornecido às residências para aquecimento e cozinha. No entanto, em aplicações automotivas, ele é cuidadosamente purificado e comprimido e, em seguida, transportado para postos de abastecimento de GNC como combustível pronto para motores de veículos.

Leia também: GNL – o que é gás natural liquefeito? A sua importância no transporte >>>

Composição e propriedades do GNC

O gás natural comprimido é composto principalmente por metano – o seu teor chega a até 98%. Por esse motivo, o GNC tem alto valor energético, que é de aproximadamente 50 MJ/kg. A composição do gás também inclui pequenas quantidades de outros compostos, como nitrogénio, dióxido de carbono, etano ou propano.

O gás CNG é incolor, inodoro e não tóxico, por isso, por motivos de segurança, é-lhe adicionado um odorante – uma substância perfumada característica que permite a deteção rápida de eventuais fugas. Entre as vantagens da utilização do CNG na indústria automóvel, podemos incluir o facto de, em caso de fuga, o gás evaporar verticalmente para cima, sem formar poças perigosas, como acontece com a gasolina ou o GPL.

O GNC caracteriza-se por uma alta temperatura de auto-ignição – até 540 °C – sendo, portanto, um combustível difícil de inflamar e estável em termos de segurança. Também não causa corrosão no sistema de combustível, o que se traduz num menor desgaste das peças de desgaste e visitas menos frequentes à oficina. Além disso, o seu elevado índice de octanas (110-130) garante uma grande resistência à combustão irregular e um funcionamento suave do motor.

O armazenamento de GNC requer condições adequadas – o gás é armazenado em reservatórios reforçados especiais, feitos de aço ou compósitos. Graças a isso, as garrafas são resistentes a danos mecânicos, mesmo em condições de operação difíceis.

Vantagens do GNC (gás natural comprimido) no transporte

O gás natural comprimido (GNC) está atualmente a ganhar popularidade, e não sem razão. No transporte – especialmente urbano, de frotas e municipal – destaca-se em relação a outros tipos de combustível, oferecendo uma série de vantagens mensuráveis.

Vantagens do GNC

Baixas emissões de gases de escape

Os veículos movidos a gás natural comprimido emitem muito menos substâncias nocivas do que os motores a combustão clássicos. A sua utilização está associada a:

  • uma redução das emissões de dióxido de carbono (CO₂) em até 20-25% em comparação com o diesel,
  • redução de óxidos de azoto (NOx) em 70-90%,
  • eliminação quase total de partículas sólidas (PM) – até 99%.

O que isso significa na prática? Esses parâmetros fazem com que os veículos a gás CNG cumpram até mesmo as normas de emissão mais rigorosas (Euro VI/6) e possam circular sem restrições em zonas de baixa emissão (LEZ), que estão se desenvolvendo dinamicamente na Europa.

Mais informações sobre as zonas de baixa emissão: Zona de Emissão Ultra Baixa e outras zonas de baixa emissão na Europa >>>

Custos de operação mais baixos

Os preços do GNV podem variar, mas mesmo com um nível ligeiramente mais alto, ainda podem ser competitivos em relação ao diesel ou à gasolina.

Os custos de manutenção também são mais baixos – a combustão do gás CNG é mais limpa do que a dos combustíveis líquidos, o que se traduz em menor consumo de óleo e maior vida útil dos componentes. A ausência de sedimentos e fuligem no sistema de escape tem um efeito positivo no desempenho e reduz a necessidade de reparações dispendiosas dos filtros DPF ou EGR.

Funcionamento mais silencioso dos motores

Os motores a gás natural funcionam visivelmente mais silenciosamente do que os seus equivalentes a gasóleo. As diferenças podem chegar a 3-5 dB, o que, em condições urbanas, se traduz numa melhoria real do conforto de vida dos residentes e condutores.

No transporte noturno ou municipal – por exemplo, durante o esvaziamento de contentores de resíduos – o nível de ruído mais baixo torna-se uma grande vantagem e, no caso das frotas de veículos de entrega, melhora o conforto do trabalho diário. Este é um aspeto que, a longo prazo, influencia significativamente a qualidade do ambiente urbano.

Alta segurança

O GNC é um dos combustíveis mais seguros disponíveis no mercado. Como já mencionámos, graças à temperatura de auto-ignição muito elevada (540 °C), à forma como o gás se volatiliza para cima em caso de fuga e aos modernos sistemas de segurança dos reservatórios e válvulas, o risco de ignição ou explosão é mínimo. Isto faz com que o gás natural comprimido seja utilizado com sucesso em frotas de veículos, veículos municipais e urbanos, onde a segurança é fundamental.

Utilização do GNV nos transportes onde funciona melhor?

Entre os líderes mundiais em número de veículos movidos a gás natural estão a China, o Irão e a Índia, mas no nosso mercado europeu combustíveis como o GNC também estão a tornar-se uma solução popular. Porquê? Porque funcionam bem quando o que importa é a ecologia, a economia e a fiabilidade – valores cada vez mais apreciados. Vamos verificar em que setores do transporte o gás natural comprimido tem hoje uma aplicação prática.

Utilização do GNC nos transportes

Transporte urbano e municipal

Um dos primeiros e maiores consumidores de GNV são as empresas de transporte público. Os autocarros movidos a GNV circulam pelas ruas de muitas cidades, oferecendo menor nível de ruído, maior proteção ambiental e economia (em comparação com veículos a diesel). O mesmo se aplica aos caminhões de lixo e outros veículos técnicos que operam nos centros das cidades – ou seja, onde existem normas ambientais rigorosas.

Logística de última milha e entregas urbanas

Em cidades onde o comércio online e os serviços de entrega expressa estão em rápido crescimento, o gás CNG está a tornar-se uma excelente solução para empresas de courier e e-commerce – como alternativa ao diesel. Não só permite reduzir o custo do combustível e entrar em zonas de baixas emissões sem restrições, como também não gera ruído durante as entregas noturnas.

Outra vantagem é a possibilidade de reabastecimento rápido – em cidades onde a disponibilidade de postos de GNV é maior, o problema da logística de combustível praticamente não existe. Embora o GNV também funcione bem em entregas em cidades menores e áreas rurais, a falta de infraestrutura nessas regiões pode exigir apoio na forma de um posto de reabastecimento próprio ou um planeamento mais cuidadoso das viagens.

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Transporte leve e frotas

As empresas que possuem frotas de veículos de entrega, de serviço ou de representação estão cada vez mais a optar pela instalação de GNV já na fase de compra dos veículos. As vantagens que justificam esta escolha são:

  • benefícios fiscais ou isenções de taxas em algumas cidades e regiões,
  • maior controlo sobre o custo do combustível,
  • imagem ecológica, cada vez mais importante para clientes e instituições públicas.

Além disso, com grandes quilometragens, o retorno sobre o investimento (ROI) em veículos a gás natural comprimido pode trazer benefícios significativos, especialmente quando a empresa dispõe de infraestrutura própria para reabastecimento.

Em resumo, o GNV funciona melhor quando os veículos são intensamente utilizados e a infraestrutura de abastecimento é bem planeada. Nestas condições, não é apenas uma solução mais ecológica, mas também um investimento com potencial real de retorno. Vale a pena mencionar também que, além do transporte rodoviário, o GNV é cada vez mais utilizado na navegação costeira, em ferries e em portos. O gás natural comprimido está, portanto, a tornar-se um combustível universal de baixas emissões, utilizado em vários setores do transporte.

Abastecimento de GNV passo a passo

À primeira vista, o abastecimento de GNV pode parecer complicado. No entanto, o procedimento é intuitivo e seguro, desde que sejam seguidas algumas regras básicas.

Como abastecer GNC

Como reabastecer com GNV?

  1. Pare o veículo no local designado e proteja-o contra deslocamento.
  2. Desligue o motor e os aparelhos elétricos, incluindo o rádio e o telemóvel. Apague as luzes.
  3. Familiarize-se com as instruções e sinalização disponíveis – alguns passos podem variar dependendo do posto.
  4. Certifique-se de que não vê danos ou fugas no sistema de abastecimento – se algo lhe levantar dúvidas, afaste-se e contacte o pessoal da estação.
  5. Ligue a pistola do distribuidor à válvula de abastecimento e siga as instruções. A ligação deve estar estanque e bem bloqueada.
  6. Inicie o abastecimento – o combustível flui para o depósito sob alta pressão. O sistema controla este processo automaticamente.
  7. Desligue a pistola apenas após o abastecimento estar realmente concluído e proteja a válvula com uma tampa de proteção.

Atenção! Recomenda-se o uso de luvas e óculos de proteção.

É importante referir que, por motivos de segurança, os distribuidores das estações de abastecimento de GNC estão equipados com:

  • sistemas de corte automático do gás em caso de deteção de fugas,
  • conectores de segurança, que protegem contra o arrancamento da mangueira em caso de partida acidental do veículo,
  • sensores de temperatura e pressão, que monitorizam constantemente o processo de abastecimento.

O abastecimento de GNC geralmente leva 3-5 minutos em estações de abastecimento rápido de GNC (chamadas fast-fill), ou seja, o mesmo tempo que leva para abastecer gasolina ou diesel. No caso de estações do tipo slow-fill – por exemplo, em bases de frotas – o abastecimento pode levar de algumas dezenas de minutos a várias horas e geralmente ocorre à noite, quando os veículos não estão a ser utilizados.

Comparação entre CNG, LNG e LPG

A tabela abaixo apresenta as principais diferenças entre os três tipos populares de combustíveis gasosos: CNG, LNG e LPG.

CARACTERÍSTICACNG (gás natural comprimido)LNG (gás natural liquefeito)LPG (gás de petróleo liquefeito)
Componente principalMetano (CH₄): ~95–98%Metano (CH₄): ~95–98%Propano (C₃H₈) e butano (C₄H₁₀)
Estado físico GásLíquidoLíquido
Condições adicionaisComprimido a uma pressão de 200–250 bar-162 °C (condições criogénicas)Armazenado à temperatura ambiente, sob pressão moderada de 5–10 bar
Densidade energéticaMédiaAltaAlta
Tipo de veículosTransporte urbano, municipal, entregas ligeirasPrincipalmente veículos pesados para percursos de longa distânciaAutomóveis, furgões, alguns camiões
Segurança em caso de fugaEvapora para cima, não forma poçasRisco de congelamento em contacto com líquidos, evapora rapidamenteApós a evaporação, desce e acumula-se no solo – forma misturas inflamáveis
Emissões de gases de escapeMuito baixas (baixas emissões de CO₂, NOx, PM)Semelhante ao GNCMais elevadas do que o GNC, mas mais baixas do que o gasóleo
AplicaçãoTransporte urbano e localTransporte de longo cursoAmplamente utilizado na Europa em automóveis de passageiros
Comparação com o gasóleoMais silencioso, mais limpoMais silencioso, maior autonomiaMais barato, mais facilmente acessível

Resumo

Nos últimos anos, o GNV, ou gás natural comprimido, tem ganhado importância como uma alternativa viável aos combustíveis tradicionais, especialmente no transporte urbano e de frotas. Destaca-se pela baixa emissão de CO₂, partículas sólidas e óxidos de nitrogénio, funcionamento mais silencioso do motor, alto nível de segurança e economia na operação.

Embora o custo de instalação ou compra de um veículo a GNC possa ser mais elevado, em muitos casos o investimento compensa, especialmente com grandes quilometragens e boa infraestrutura de abastecimento. Benefícios adicionais, como a possibilidade de usufruir de benefícios fiscais ou isenções de taxas na LEZ, aumentam a atratividade deste tipo de combustível.

O gás natural comprimido não é, portanto, uma tendência passageira, mas uma escolha consciente de muitas empresas que procuram poupar e querem reduzir o impacto do seu transporte no ambiente.

Perguntas mais frequentes (FAQ)

O GNC é um combustível alternativo?

Sim, o GNC (gás natural comprimido) é considerado um combustível alternativo, juntamente com os biocombustíveis, o GPL, o GNL e a eletricidade. A sua principal vantagem é o nível mais baixo de emissões e o menor impacto ambiental em comparação com os combustíveis derivados do petróleo.

Qual é a diferença entre o gás CNG e o GPL?

O CNG (gás natural comprimido) é composto principalmente por metano e é armazenado sob alta pressão na forma gasosa. O GPL (gás liquefeito) é uma mistura de propano e butano, armazenada como líquido sob pressão mais baixa. A diferença fundamental é também o comportamento em caso de fuga – o GNC, sendo mais leve que o ar, sobe, enquanto o GPL desce e pode formar misturas inflamáveis junto ao solo.

Autor do artigo

Michał Noga

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